domingo, 15 de dezembro de 2013

Eu matei um cara!

Hoje eu explodi a cabeça de um cara!

Eu estava só passando, e ele estava ali, insultando tudo e todos, um cara completamente asqueroso.
Só o que eu fiz foi descarregar anos de raiva, acumulados durante anos observando essa sociedade doente.
Descarreguei tudo na ponta de um calibre 9,65 mm, diretamente na testa do individuo, fazendo saltar as orbitas para fora do crânio, e caindo em seguida desfalecido sob meus pés, morto.

Eu já havia imaginado aquela cena um milhão de vezes, mas nada se comparou, o barulho da pistola, o som do sangue sendo espalhado por nossa volta, pedaços de miolos que faziam a festa pelo ar.
Foi realmente chocante, o meu dia pareceu ter parado, pensei que viveria ali, eternamente naquele momento, com os carros passando, e eu de cara e camisa lavados pelo sangue. Todos me olhavam como se eu tivesse quebrado alguma regra divina.

Se o inferno é de algum jeito, certamente ele tem o jeito daquele dia...

Eu vi então a frágil conexão que existe entre o corpo e a consciência, e como um pequeno pedaço de metal lançado com alguma pressão fez aquele individuo deixar de ser um incômodo, desabando feito uma marionete que teve as cordas cortadas diante dos meus olhos, eu tive o dom da vida no apertar de um gatilho.

Sim, houve um preço, sinto que minha alma também foi embora com aquele individuo naquele dia.
Eu simplesmente parei de sentir, eu acho que também morri afinal, só que ainda não fui embora, estou aqui, preso.
No final aquele canalha é quem teve sorte.


domingo, 1 de dezembro de 2013

Dualidade

O mundo era então perfeito para os dois, mas algo faltava, havia uma sede insaciável que só podia ser curada por um fruto, proibido.
Não havia rotina, não havia cansaço, não haviam perguntas nem respostas, a existência se resumia no agora. A neblina da ignorância saciava todos os desejos.

Mesmo lá, naquele tempo tão remoto, já havia uma fagulha que hoje queima forte dentro de cada mente inquieta. O demônio, a serpente, ou o próprio homem com sua dualidade, seja lá a quem se atribua a culpa, nos fez provar da árvore da sabedoria, e o fruto proibido nos deu então a luz do nosso próprio caminho.

A merce das leis do mundo, os raios, secas, invernos, e todo tipo de aflição combateu nossa existência.
O homem evoluiu, a consciência coletiva foi se consolidando, o homem então escreve sua evolução por linhas tortas.

Fazemos parte de uma força invisível que prega o bem, lutando dentro de nossas mentes contra a chama da dualidade, a caminho juntos da união de nossas consciências, repartida ainda hoje em bilhões de pedaços espalhados pela face da terra.

Assim como nosso corpo catalogou e repassou adiante as características mais importantes para sobrevivência, catalogamos hoje nossas idéias na consciência coletiva artificial, milhões de mentes que se unem para buscar um proposito, construindo com pequenos grãos o futuro que novamente nos tornará um só.

O amanhã ninguém sabe ao certo como será, mas certamente nos levantaremos não para trabalhar e manter a maquina funcionando, mas sim para unirmos nossas mentes e juntos trabalhar para pessoalmente poder perguntar a deus, por que nos deixou chegar ao mesmo lugar onde ele hoje esta?

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Vento Eu Lamento

O tempo é um vento que sopra, dos caminhos que faz, nenhum é tão remoto que não o faça ter volta.
O tempo é um lamento sublime, qual não podemos lutar, faz os caminhos dançarem, faz as almas perdidas que um dia se uniram, novamente se encontrarem.

Tenho todo o tempo de minha vida, não todo o tempo do mundo, então o que faço aqui, tem que valer cada segundo.

Nestes pequenos segundos, foi que eu te vi passar, por um breve momento vi um rosto familiar, o sentimento que tive, foi apenas de alguém que conheci em algum lugar, alguém que eu costumava confortar.

A muito tempo eu te vi, e me perdi, no tempo e no espaço, nos braços de um carrasco.
O carrasco que me cortou fora a razão, e me deixou ainda mais perdido, nas profundezas vazias do meu antigo coração

Tempo que lamento, professor sem face, amigo sedento por movimento, o tédio, companheiro legitimo da solidão, no pedestal da ilusão, deposito novamente o meu agora nobre coração.

Vento, espero que sopre de dentro, memorias que façam brilhar, minha vida precisa de luz para esta terra poder suportar, caminha comigo por estes becos, pois eu sei que agora por novos ares vou voar.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Escrevendo com o Estômago

            "O pior nem era acordar cedo, não era rumar até o centro o meu problema...O que me revirava as entranhas eram as pessoas, era aquela mesquinhes generalizada, era a vaidade desmedida, era a incapacidade de digerir a verdade e assumir a culpa, era o joguete que me atordoava, e o pior, os piores eram os pilares de toda aquela felicidade mentirosa, vivendo na crista de um sucesso superficial. Ou eu enxergava muito além dos fatos, ou eu era um completo idiota, o gosto de ácido clorídrico me vem a boca só de lembrar."

sábado, 24 de agosto de 2013

Sobre o agora.

Estou preso no meu paradigma, criado durante anos e mais anos de sonhos quebrados, pedaços e mais pedaços de vários ratos fantasiados de homens sem braços, que nada poderiam fazer pela minha dor, eram apenas seres perdidos entre rastros e mais rastros de pó, numa corrente infinita de comportamentos tolos e premeditados, anestesiados pela vida que não viveram, fantasiados de homens que já morreram.

Sua dor filho, esta na ânsia de viver longe, olhar sempre para o fim do túnel, doí! Solte o grito que lhe esfola a alma, berre um grande foda-se para toda essa maquina que funciona dentro dos prédios feito moedores de carne, se alimentando do seu suor para pingar em seu bolso gotas de anestesia em forma de papel. E sabe...você pode!

Corra para as colinas, o mundo vai agora ruir sobre sua cabeça. feito um espelho quebrado, que reflete agora imagens tortas, feito seu ego.

Morra e renasça, destrua para reconstruir, alimente o cão correto desta vez. Assuma a postura que quiser assumir, coma quem você quiser comer, mostre o dedo para os mais velhos, faça careta para as crianças, mate, roube, fuja ou morra. Só não deixe que matem sua criatividade, tudo o que mata a criatividade deveria morrer.

Você já pensou sobre quem vai ser agora?

sábado, 15 de junho de 2013

Devir

Eu senti que estava sendo puxado de volta a um lugar que não gostava de ficar, um lugar que permaneci devido ao conforto da rotina...Eu fui tragado novamente para minha vida, despertei outra vez, para mais um dia na terra.

Meus olhos custavam a enxergar o que estava em minha volta, e minha mente relutava a entender o que se passava. Era como se eu tentasse dar a partida em um motor, mas por algum motivo ele estava engasgado, assim como os sentimentos de ansiedade que reviraram meu estomago.

Estendi as pernas dormentes para fora da cama, o estalo dos ossos me enganavam dando a impressão de que eu não iria conseguir ficar em pé. Levantei cambaleante me apoiando pelas paredes, e com uma expressão mal humorada rumei ao banheiro para jogar a menor quantidade possível de água na cara, queria voltar para aquele agradável estado sonolento, queria fugir da razão.

Queria ser de novo abstrato, eu queria me confundir, eu queria me perder totalmente. Talvez assim eu pudesse reconstruir tudo em outro lugar, com uma nova linha de raciocínio, não tão lucido talvez, mais propenso a devaneios.

Estava cansado de ficar o tempo todo em alerta, estava cansado de tentar me encontrar, estava cansado de ficar a merce de mim mesmo, vigilante, e nunca ser quem sou de fato.

Eu precisava parar de crer, e finalmente aprender a confiar.

Eu queria congelar o tempo, queria saber por onde andou cada átomo que compõe o cérebro que da luz a estes pensamentos, queria deixar em branco tudo o que se passou, e passar o dia em uma experiencia totalmente nova, sem resgatar memorias ou instintos de meu inconsciente.

Esta mascara já não me completava mais, estes traumas e desafios já não refletiam quem eu era.

Então meu novo mundo se tornou o agora, e a cada segundo eu sentia minha pulsar, tomado pela consciência eu vi o tempo parar, tão lucidamente que todas as projeções sumiram feito fumaça.

Por fim o observador tomou o controle, tão racional e calmo que até a mais simples memoria se tornou simples de ser resgatada.

Agora não há mais eu, já não possuo definição, sou um lampejo da criação, com olhos abertos para os delírios da mente em constante transição. Estou aqui não para sentir, simplesmente posso te dizer para qual caminho seguir, boa jornada.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Sobre as cortinas


Comece tirando de sua mente todas as idéias que foram implantadas pelos aventureiros em missão.

Reconstrua toda sua psique movendo os entulhos empoeirados de sua imaginação.

Reconstrua sua alma com a maior quantidade possível de emoções, permita-se conhecer os mais variados tipos de ambientes e sensações.

Pois na avalanche de informações, logo o observador irá descobrir que aqui nada é de fato tato, olfato, audição, paladar ou visão. Tudo é apenas uma questão de abstração.


Sente-se aqui meu amigo, deixe-me lhe dizer um pouco sobre quem é o deus da destruição. 

Pois em seu mundo, o apocalipse ocorre a cada cinco segundos, e lá não temos tempo para ressentimentos, explicações ou mesmo perdões.

Veja só quão longe pode ir um homem são, destruindo todos os desejos da carne viva, compreendendo finalmente que viver dos seus sentidos é morar na ilusão, é passar em branco por este plano, é perder pelo caminho o coração.

Descanse, se coloque em silêncio, não se deixe enganar pela sensação de desalento, procure por aquele que lê seu pensamento, procure apenas o silêncio.

Vá para fora, veja que agora o tempo parou, veja que agora só existe um momento, olhe pra frente e dê um basta ao lamento.



Enrole a paz, acenda a vida, trague a esperança...solte as mentiras.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Volúpia

Nós sabemos o motivo que nos trouxe aqui, somos acusados pelo mesmo pecado, tecemos desejos proibidos pela moral prevalecente, somos reféns dos nossos corpos, sedentos pelo atrito e o cheiro do sexo que nos convida.

Te quero aqui, colada no meu colo enquanto sugo seus seios enrijecidos, te ver morder os lábios enquanto rebola desejando me sentir rasgar suas entranhas.

Mas ainda não...antes eu quero sentir seu sabor, respirar fundo o seu odor, retirar com minha língua todo o mel que sai de seu ventre, sedento por um pouco de amor.

Em pé querida, deixa-me ficar de joelhos para me oficializar seu escravo, apreciar as linhas da ninfa tecidas para me hipnotizar. Faz-me um bicho! Que perde a razão e deseja morrer nos labirintos da carne, descobrir na maldade o que te faz sentir mulher.

Afasta a calcinha pro lado, escorre em minha língua mais um pouco do seu alimento. Deita sobre mim e cavalga como se nada mais importasse, vamos entrar em transe, fingir que só existe este quarto e os barulhos da cama nos movimentos de nossos corpos grudados.
Obedece a minha voz, segue o caminho que eu mandar, envolve as pernas em mim e sente o pau entrar.

Vamos suar até a boca secar, vamos foder até não termos mais forças para levantar.
No final vamos abandonar tudo, o lençol molhado, o corpo suado, e quem sabe nunca mais nos encontrar.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Renovare

Quando sentimos o estrondo todos ficamos estarrecidos, logo em seguida o som, o mais tremendo som que já ouvi em toda minha vida, tão alto que me estremeciam os ossos.
Quando finalmente vi, bolas de fogo gigantescas caiam do céu, as nuvens abriam espaço na atmosfera como se quisessem facilitar nosso extermínio.
Nós, como meros micróbios somos estraçalhados por uma força brutal que assola a mãe terra, tão breve e repentina como foi nossa era.
Então o homem finalmente sera iluminado, e depois de conhecer o outro lado, descobrirá que só a corpo tem passado, mas que o hoje, este sim, este sim é acompanhado pelos amados, e pelas almas.
Mas é tarde, quando finalmente abrir os olhos, o tufão do impacto já terá lhe assolado, levando todos nós novamente ao estágio de um átomo. O poder do vento colocando tudo em combustão, queimando em segundos, aquilo que forjamos ser os nossos passos por este chão.
Um novo homem irá nascer, um homem ciente que vive na dor, um homem ciente que esta sozinho, que não sabe se há um caminho, um homem melhor que o anterior.

domingo, 31 de março de 2013

O Retorno de Saturno

Quando chegou a nuvem escura, o sol foi ofuscado e trouxe consigo uma neblina pesada de arrependimentos e incertezas.
Se tratando das dores terrenas, mesmo que já tenha sentido a maior dor de sua vida, ainda sim não podes concluir que sofreu, portanto acautela-te de seus reclames, e tenha humildade, porque tens acima de tudo, capacidade para resolver os seus próprios problemas.

Por traz destes olhos que vêem o mundo, eu sei que há um observador espiando pelo buraco da maçaneta, sedento pela libertação, querendo consumir tudo que sentem meus sentidos, enclausurado por um motivo que me esqueci ainda na infância.

Vou seguir na loucura, tropeçando entre erros e acertos, torcendo para nunca ser mal compreendido.
Mesmo com os falantes, estes que só sabem vomitar asneiras nos momentos mais errados, sou grato, pois aprendo a ter com eles o dom da compaixão.

Sem me desviar do caminho sigo, com o olhar fixo na luz acreditando na libertação e na aquietação do meu espirito, que eu aprenda a apreciar então o silêncio, fazendo deste um aliado para a reflexão, e não um monstro que me assola em noites de escuridão.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Aos Biltres

Chamou do céu um anjo para habitar este plano, fez da vida jogatina perversa para sustentar seu engano. Estendeu os magros dedos envoltos em mel, mas no tempo, o que restou foram as expectativas banhadas em sabor de féu.

Abandonou de colo aquela que jurou proteção, se foi pois preferiu uma vida regada a migalhas de pão, recolhendo do chão, as fantasias não vividas na juventude eternizada pela falsa promessa de satisfação.

Que liberdade é esta que contraria valores? Mentiras, maldades, distúrbios, coleções de falsos amores?

Sorrindo para o mundo, alma podre de indecisões, constante navegante de um mar agitado de confusões, distrações de uma mente doente, sujeito sujo, que merece a mais dura das punições.

Que estejam vendados os olhos de quem julga, que sua balança esteja aferida para pesar meu ódio sobre este que nunca muda, e sua espada amolada para fatiar em postas a cabeça do novo Judas, saciando então meu desejo de justiça para este nega ajuda.

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