sábado, 15 de junho de 2013

Devir

Eu senti que estava sendo puxado de volta a um lugar que não gostava de ficar, um lugar que permaneci devido ao conforto da rotina...Eu fui tragado novamente para minha vida, despertei outra vez, para mais um dia na terra.

Meus olhos custavam a enxergar o que estava em minha volta, e minha mente relutava a entender o que se passava. Era como se eu tentasse dar a partida em um motor, mas por algum motivo ele estava engasgado, assim como os sentimentos de ansiedade que reviraram meu estomago.

Estendi as pernas dormentes para fora da cama, o estalo dos ossos me enganavam dando a impressão de que eu não iria conseguir ficar em pé. Levantei cambaleante me apoiando pelas paredes, e com uma expressão mal humorada rumei ao banheiro para jogar a menor quantidade possível de água na cara, queria voltar para aquele agradável estado sonolento, queria fugir da razão.

Queria ser de novo abstrato, eu queria me confundir, eu queria me perder totalmente. Talvez assim eu pudesse reconstruir tudo em outro lugar, com uma nova linha de raciocínio, não tão lucido talvez, mais propenso a devaneios.

Estava cansado de ficar o tempo todo em alerta, estava cansado de tentar me encontrar, estava cansado de ficar a merce de mim mesmo, vigilante, e nunca ser quem sou de fato.

Eu precisava parar de crer, e finalmente aprender a confiar.

Eu queria congelar o tempo, queria saber por onde andou cada átomo que compõe o cérebro que da luz a estes pensamentos, queria deixar em branco tudo o que se passou, e passar o dia em uma experiencia totalmente nova, sem resgatar memorias ou instintos de meu inconsciente.

Esta mascara já não me completava mais, estes traumas e desafios já não refletiam quem eu era.

Então meu novo mundo se tornou o agora, e a cada segundo eu sentia minha pulsar, tomado pela consciência eu vi o tempo parar, tão lucidamente que todas as projeções sumiram feito fumaça.

Por fim o observador tomou o controle, tão racional e calmo que até a mais simples memoria se tornou simples de ser resgatada.

Agora não há mais eu, já não possuo definição, sou um lampejo da criação, com olhos abertos para os delírios da mente em constante transição. Estou aqui não para sentir, simplesmente posso te dizer para qual caminho seguir, boa jornada.

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O trabalho Wonder Weed World de Rodrigo Vieira foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição 3.0 Não Adaptada .
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