sábado, 29 de março de 2014

Planeta Errante

Eu sou o morador do planeta errante, o planeta que vaga sozinho pelo breu do universo imenso.
Órfão de seu astro, esmolando um pouco de gravidade para livrar-se do tédio de sua estagnação, totalmente a merce da sorte.
Meu planeta batizado de Morte.

Eu moro em algum lugar deste gigante feioso, não importa detalhar onde, afinal é sempre escuro por aqui.
No meu mundo as paredes não tem cores, e o sentimento da moda é a depressão.
A desconexão total da alma e do corpo é uma constante, sentir-se deslocado, não demonstrar nenhum semblante, é a ordem que rege os modos da vida aqui, neste mundo distante.

Talvez pela escuridão, talvez pela solidão, talvez pelo destino, meu congelado coração se fez negro desde menino, desconhecer o amor, fez correr pelas minhas veias, o mais letal veneno.

Sou o rei deste mundo, mas não tenho poder, tenho inanição.
Sou o rei deste mundo, mas não tenho orgulho, tenho vergonha.
Sou o rei deste mundo, mas não tenho gloria, tenho derrotas.
Sou o rei deste mundo, mas não tenho vida, tenho podridão.

Mais horas se passaram, mas a Morte não girou, sei que estou envelhecendo, mas em meu mundo o dia não acabou, ele se quer começou.

Certa vez, apareceu por aqui um telescópio, por onde eu podia observar outros mundos.

O que eu vi foram planetas maravilhosos, iluminados por seus astros, planetas cheios de vida que floresciam e produziam com abundância.
Eles se quer imaginavam quão afortunados eram por abrigar tamanho dom, não se perguntavam sobre que outros mundos haveriam além de suas galáxias.
E se tomavam conhecimento, logo se esqueciam, pois o calor de seus astros os confortava logo em seguida.

Eu então o desmontei, e usei seus pedações para construir um foguete, para então tentar fugir desde mundo sombrio, mas a gravidade por aqui é tão forte, que somente me elevei a alguns quilômetros do chão.
A queda foi terrível, e a dor me ensinou que fugir não é o caminho para encontrar uma luz novamente.

Agora aguardo pacientemente o dia que o sol irá nascer de novo, sem expectativas, apenas esperando, mas o tempo não passa.

Acho que já estou no inferno, mas não lembro de ter morrido.


sexta-feira, 7 de março de 2014

Destino, o Caos

Sou fruto do que escolhi, ou foi tentando fugir que esbarrei em você?

Devo acreditar realmente que os passos que dei irão ecoar pela eternidade, ou sumirão junto comigo quando eu deixar este plano?

Quantas sensações sou capaz de sentir?
Sou, ou serei eu limitado a um numero finito de experiencias?
Para onde serei levado se seguir por este caminho?

Do que adianta saber, somos almas sozinhas que buscam a luz de outra alma para iluminar a escuridão, apenas um pouco de vida para aquecer nosso coração.

Eu desisti de ter o mundo na palma da mão, me convenci que o controle é uma ilusão, lutar pela plenitude trouxe demasiada decepção. Deixei o devir tomar conta de tudo, esperando pacientemente o dia do sono profundo, que trará a única solução, enquanto vejo tudo passar pela janela, com meus sonhos voando para fora feito dente de leão.

A quem dirá que foi a depressão, a quem dirá que foi uma desilusão, mas somente quem cruzou passado, presente e futuro verá o destino tirar a venda de sua razão.

Nem mesmo o mais incrível matemático seria capaz de colocar em uma equação todos os fatores que levaram a derrota total de nossa união, mas fácil seria prever um tufão, do que entender os labirintos que existem numa simples discussão.

Não faz sentido, não há explicação, prefiro agora o caos do que viver na contra mão.
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O trabalho Wonder Weed World de Rodrigo Vieira foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição 3.0 Não Adaptada .
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