As iniquidades tornam tudo cinza, perdemo-nos, tentando nos reencontrar.
O caminho se turvou ainda mais, a floresta cobriu todas as
luzes e eu já não vejo mais nada adiante.
A floresta que tudo engole, agora também me traga para dentro
dela, sua fome absoluta não saciará enquanto não achar um meio de consumir a si
própria.
As lembranças de quando eu era garoto, as escolhas da
juventude, misturam tudo num sabor agridoce, que agora são consumidos por um propósito
maior e sinistro, que desconheço.
Ao fundo, ouço sons de bombas que matam inocentes, magnatas que festejam e sorriem com as mãos sujas de sangue, servindo multidões com ignorância, enquanto somente o que cobram é a atenção do usuário.
Tudo que abomino me é apresentado em meus momentos finais, como se isso aumentasse o
meu sabor.
Esse é, e sempre foi um mundo hostil. Não sei se descrevo apenas o mundo, o próprio diabo ou a floresta, mas a forma que se apresenta a mim me causa dor que dilacera, e eu me rendi a ela.
A escuridão que me absorve, obriga-me a voltar a posição fetal, como num retorno ao útero eu me aquieto, o silencio me consome e agora também sou parte dela, a floresta.